segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Luz, a teus pés.


Estímulos metropolitanos,
Produção intelectual,
Faróis, buzinas,
Imagens velozes,
Vidas em videoclipe.

Os minutos passam,
O trânsito pára,
A vida corre,
A vida;
Escorre...

A mente dispara, a alma, se separa
Não dançam juntas,
Frenéticas; correm por labirintos vermelhos
Disparam setas, tudo muito rápido
Tudo muito intenso,
Vitrais arabescos.
Caleidoscópios multicores
Movendo-se ao som da nona de Beethoven.

Até que se deparam, mente e alma,
Com tal imagem singela.

A música pára.
Imagens que voavam elípticas,
Dissolvem-se em fina poeira, que rápido se dispersa.

Lá está ela:
Permeando alvos tecidos
Suavemente enrugados
Por talvez uma brisa gentil
Que se fez sopro, para contemplar.

Lá está ela:
Olhando para o alto talvez,
Ou talvez apenas aproveitando o momento.
Sendo parte, sendo “a” arte
O eterno e o instante.

Lá está ela:
Suspirando, como sei que está.
Aspirando o perene,
Expirando o efêmero.
De que outra forma conseguiria registrar tal imagem?

E vai-se então, minha alma se acalmando,
E se acalmando,
E se acalmando...

Até ficar completamente serena!

Como essa luz,
A teus pés.


N.a:  Poema inspirado em foto de Letícia Cardoso.