quinta-feira, 14 de maio de 2009

Conclusões Inconclusas 1: Sobre o Amor

Falar de amor é um lindo paradoxo. Simplesmente por que as sentenças não possuem uma forma de afigurar o amor.
O amor não pode ser dito ele pode apenas ser mostrado, ou nesse caso, SENTIDO.

Nem Macho, nem Fêmea: Humano.

Comentário meu publicado no Blog Mater Mundi no texto A Mulher Macho que por sua vez é uma resposta a um texto considerado patriarcal por nós: http://pistasdocaminho.blogspot.com/2009/05/guerra-dos-sexos-mitologia-da-doenca.html

Li o texto e achei bem interessante. Mas sim, o tema central não é as mulheres e sim os homes. Tudo nele gira em torno das relações dessas mulheres com os homens ou até com outras mulheres como sintoma de uma causa masculina.
Você não é ginofóbica. Entendo sua decepção com esse contexto.
Vejo você como uma Joana D'arc negra, contemporânea; com sua armadura psíquica gritando para todas as mulheres: "Quebrem seus terços", "Queimem suas burcas","Cuspam na cara de seus maridos bossais"...
Esses homens de peito de pombo, esculpidos em infinitas malhações narcisistas, sacudindo seus pênis maiores que seus cérebros. Que triste.
Mas foi assim que a sociedade impôs suas regras, criadas na medida da conveniência da dominação do homem sobre a mulher, como senhor e vassalo. Como isso me enoja...
Como aquele Deus barbado FILHO de um Deus PAI da falácia da Santíssima Trindade. O Homem não dá a luz, simples assim. Se tivermos que pensar num Deus supra-humano, como criador de todas as coisas, e, se tivermos que dar-lhe um gênero (que eu também acho um absurdo) sem dúvida seria um Deus (Deus mesmo, não Deusa) FILHA de um Deus MÃE.
Se eu soubesse pintar ou desenhar, faria várias pinturas da FILHA de Deus, crucificada, arrastada por correntes, e por fim, venerada, e levada para junto do Deus MÃE.
Me vejo cada dia mais diferente e distante disso tudo...às vezes me sinto isolado. Mas sei que as verdadeiras relações entre os seres da raça humana não deveriam ser assim.
Nós possuímos algo maravilhoso, a linguagem, e desperdiçamos essa característica por dezenas de milhares de anos. Está na hora de nos leventarmos !
A lealdade feminina pode contar comigo.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Complexo de Sísifo.

Não leitor, você não é Sísifo. Nem eu.
Apesar de a sociedade moderna às vezes fazer com que nos sintamos inúteis, nós não somos.
Sempre procurei fazer tudo com paixão, com tesão, até as tarefas mais rotineiras e muitas vezes enfadonhas são tratadas por mim como coisas de suma importância, caso contrário é melhor não fazê-las.
Em “Tempos Modernos” de Chaplin (filme que eu considero atemporal), há uma cena maravilhosa em que o vagabundo fica preso nas engrenagens da máquina. É um arquétipo maravilhoso, mas dolorido e que desperta toda uma gama de questionamentos.
Podemos e devemos aprender a ter paixão pelo que fazemos seja lá o que for. Sei que isso não é fácil, pois eu mesmo já me senti como o vagabundo em várias fases da minha vida, e me lembro bem, todas elas foram improdutivas até eu aprender a ter algum tipo de paixão. A mesma paixão que sinto em andar descalço, tocar violão ou mergulhar no mar.
Quando aprendemos isso, aprendemos também a nos valorizar profissional e pessoalmente, crescemos como pessoas, ganhamos respeito próprio.
E então levamos esse respeito para nossa vida sentimental também.
Tenho visto, infelizmente, pessoas vivendo suas relações amorosas como Pozzo e Lucky de “Esperando Godot”, e isso tem me entristecido demais.
Independente de opção sexual, orientação, fetiche ou qualquer forma menos convencional de relacionamento, o ser humano não deve se degradar. As relações sexuais, desde que sejam satisfatórias, podem e devem se utilizar de todos os tipos de fantasia, mas não devemos nos esquecer de que são meramente fantasias sexuais.
Por favor, nós não somos sísifo. O homem tem uma propensão selvagem às relações de dominação e poder, seja ele financeiro, hierárquico ou o pior de todos psicológico.
Cada passo dado só é bom se for pra frente, e chega a ser significativo o fato de respiramos pra dentro. Ao aprender com pequenas coisas, podemos pegar nossas experiências e transporta-las para as grandes coisas como o aumento de nossa autoestima.
Quem você é tem muito a ver com a forma como você se enxerga.
Enxerguemos o mundo, mas façamos questão que o mundo também nos veja, assim podemos crescer como indivíduos e como sociedade.
Se você se reconheceu aqui, não foi à toa, imprima e guarde no bolso e procure ser feliz.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Amor de um Feliz Rouxinol

Era uma vez um Feliz Rouxinol que vivia num carvalho à beira de um riacho tranqüilo. Na relva ao seu redor havia uma formosa rosa e um lindo jasmim.
Todos os dias o Feliz Rouxinol cantava seu amor pelo carvalho, pela rosa e pelo jasmim. Levantava seu pequeno pescocinho, olhava para o céu e entoava as mais belas canções para seus três amores.
Um dia um lagarto que passava pelo jardim ao ouvir o canto, perguntou ao rouxinol: - Porque canta com tanto afinco assim Feliz Rouxinol, se eles parecem nem ligar?
E o Feliz Rouxinol interrompeu um pouco seu canto para explicar ao amigo lagarto por que fazia aquilo de forma tão entregue.
- Amigo lagarto, eles parecem não ligar, pois estão acostumados ao meu canto, e o que parece ser indiferença no fundo eu sei muito bem que é forma deles também manifestarem seu amor por mim. Quando o inverno gelado calou meu canto, este galho do carvalho onde me ponho a cantar começou a descascar e perder sua força até quase se quebrar, a rosa não tinha mais o seu brilho e algumas pétalas começaram a cair e o jasmim perdeu quase todo seu encantador perfume.
-Foi aí que percebi o quanto meu canto era valioso para eles, mesmo que não aplaudissem ou retribuíssem da qualquer outra forma. Desse dia em diante não me importava mais o frio ou a dor do esforço de cantar, só não podia mais vê-los definhando daquele jeito a cada dia.
-Pus-me então a cantar da forma mais bela que conseguia na esperança de que de alguma forma eles recuperassem sua beleza.
-Então, como mágica, a rosa voltou a se abrir e brilhou iluminando nosso jardim, o jasmim exalou o perfume mais doce que se sentiu em nosso reino e o carvalho voltou a ser o forte e belo carvalho de outros tempos.
-Eu então entendi que não precisava deles mais do que isso: Que fossem belos.
O lagarto parou por um tempo, balançou sua cauda em sinal de entendimento, e perguntou de novo ao Feliz Rouxinol:- Mas o carvalho, a rosa e o jasmim são três. Como pode você amar os três ao mesmo tempo?
O Feliz Rouxinol entoou um pequeno canto, olhou para o seu amigo e respondeu:
- Por que eles estão aqui, perto de mim, não vão embora, e enquanto eles ficarem; assim o será.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

O Urso e o Pote de Mel ou A Alquimia dos Sentimentos.

Procurando manter estável meu nível de endorfinas (e quem me conhece sabe que ele é muito alto), dia desses fui acometido por um estranho desejo: Mel.
Um doce néctar cuja matéria prima não poderia ser mais inebriante: Flores.
Num rompante, saio eu cruzando caminhos e estradas em busca do objeto de meu desejo. Minha boca salivava esperando encontrar sua doçura e apressei minha jornada para encontrá-lo.
Encontrei-o. Um pote de Mel. O objeto de meu desejo.
O encontro surtiu um efeito avassalador, mas não foi o encontro do urso com o pote de Mel, muito pelo contrário.
Naquele momento ocorreu uma alquimia de sentimentos e transformei chumbo em ouro.
O desejo tornou-se afeto, e passei a olhar a textura daquele Mel, seu cheiro, e pensei no lirismo de sua produção e na beleza de sua existência.
A partir dali me senti como um menino, enfeitiçado diante de um aquário de peixinhos dourados. Por um instante achei que tocavam o Bolero de Ravel ao nosso redor, mas era apenas a caixa de som de um bar das proximidades.
E o afeto virou ternura e a ternura virou tradução, e estou me traduzindo todos os dias desde então.
E o urso, se transformando em rouxinol, prova que a magia ainda existe.
A magia do carinho.



 Milton Nascimento - Rouxinol

segunda-feira, 2 de março de 2009

Wittgenstein, Lógica de Programação e Amor.

Sim, é verdade o que dizem: Estou ficando cada dia mais louco.

Nós, programadores, aprendemos desde o princípio que cada “entidade” (falando a grosso modo) em nosso trabalho, possui propriedades e métodos.

Parametrizamos, classificamos e encapsulamos. Mas sabemos muito bem, que nenhuma classe é totalmente fechada, e que sempre podemos agregar algo melhor, mais produtivo, mais interessante, mais criativo.

Não tratamos “o cliente” nem “o produto”, tratamos “cliente” e “produto”, com suas características, propriedades, métodos, parâmetros etc...

Tenho me deparado (e me batido) muito com uma entidade chamada “Amor”. Empírica aos olhos descuidados e quase uma abstração, regida por ilusões sensoriais, para os mais céticos.

Tão distante quanto a própria idea de distância e suas variantes.

Não me refiro nem tratarei de “o amor”, mas sim de “amor”. Amor com suas incríveis e paradoxais dicotomias. Amor curativo, amor doentio, amor sublime, amor abjeto, amor altruísta, amor egoísta.Enfim, essa fantástica classe chamada "amor".

Você instância seu amor, com seus parametros e seus métodos, ele é sua constante e sua variável.

O outro cria a instância de amor dele conforme seus proprios padrões.

Um não influencia (ou não deveria influenciar) o outro, eles são da mesma classe, a mesma classe paradoxal e dicotômica a que me referi, mas com métodos diferentes, e, nem sempre buscando o mesmo resultado.

O fato é que o seu amor lúdico, não pode se deixar influenciar pelo amor visceral do outro, ou ele perecerá efêmero sendo recolhido imediatamente pelo Garbage Collector.

"O que parece certo é o que é certo; conseqüentemente, não se pode mais falar do certo."

Mas as instâncias se relacionam...

Um lado humanista; no meio de tanta lógica.

Se adaptam, se conhecem, se permeiam.

E no fundo, o que realmente queremos, é que essas duas instâncias se encontrem, numa fusão que transcende a lógica, e que se unifiquem sem deixar de ser íntegras, criando uma super classe nova, cheia de propriedades e métodos inexplorados.

A super classe "Nós".





N.a:
Existe uma segunda parte deste texto, mas é tão doida que não me atrevi a publicar. Recortei daqui e guardei em arquivo. Talvez algum dia...

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Velho Companheiro

O tempo é igual para todas as coisas

Assim como todas as coisas são iguais para o tempo.

O tempo que traz as rugas

É o mesmo tempo que leva à felicidade

O tempo que traz o dia

É o mesmo tempo que leva a noite

O tempo anda comigo, dias, noites e rugas

Tempo de filhos

Tempo de pais,

Tempo de paz.

Como todos os dias

No fim de todas as noites

No por do sol

E na aurora.

Dias felizes,

Noites de paixão

Que levam o tempo a passar.

Aurora da vida,

Nas ruas do temo,

Nas veias do tempo

No jardim meu...e seu...



Para Liliane.