quarta-feira, 24 de junho de 2009
Conclusões Inconclusas 2: A Felicidade!
A lembrança desses momentos então continua gerando bons sentimentos e sensações prazeirosas por tempos não determinados até que por uma conjunção de fatores esses momentos felizes possam voltar a ocorrer formando o que eu chamo de "ciclo da felicidade".
2-) Felicidade é lembrar de uma determinada pessoa que me faz muito bem, ao lado de quem, tenho certeza: I will be happy.
Espelhos Côncavos
Existe uma espécie de espelho que possui uma característica especial: ele reflete nossa imagem invertida.
Ao longo da vida, mas principalmente quando somos adolescentes e jovens e ainda sofremos de vários tipos de inseguranças relativas à nossa vida sentimental e profissional, esses espelhos podem causar grandes danos.
Quase todos, temos ou tivemos um amigo invejoso, uma tia avó fofoqueira, daquelas que não perde uma oportunidade de falar mal de alguém, um professor cheio de preconceitos, que mesmo tendo por ofício educar e entender, não consegue achar um canal de comunicação com seus alunos, e então, algumas vezes a nossa imagem fica bastante distorcida através deles.
Jovens são subversivos por natureza. Gostam de experimentar, fazem coisas irresponsáveis, mas dentro de um padrão, esses atos são esperados, pois é uma característica da juventude.
A maioria dos leitores desse blog, já meio que passaram por essa fase, mas ainda assim há em nossa sociedade espelhos côncavos que refletem uma imagem invertida de adultos que querem simplesmente viver suas vidas com suas opções respeitadas, sem fazer mal a ninguém e respeitando as opções alheias.
Por que isso é tão difícil?
Tenho me perguntado isso incessantemente, mas não acho uma resposta racional, apenas aquele velho sofisma: “É a natureza humana”.
Está mais do que claro que essa resposta não serve pra mim. Não me deixará menos angustiado, apenas menos curioso.
Há um motivo forte pelo qual o homem chegou tão longe: Ele é curioso.
Investigo o porquê de determinadas pessoas se sentirem tão bem, apenas pelo fato de poderem criticar outras, ou se sentirem superiores através de uma falsa noção de normalidade, que torna piercings e cabelos roxos e cor-de-rosa em um fator de exclusão, ou algo de gueto, que absolutamente não são.
As diferenças existem, estão aí em todos os locais, no RAP e no Funk, no Jazz e na Bossa, nos cabelos roxos e nos carecas.
Diferenças!
Algo que mede nossa capacidade de respeito pelo próximo.
Posso não me enxergar no outro, mas sempre tentarei não distorcer sua imagem.
Sim, pois quem afinal, é capaz de garantir (garanto que eu não sou) que a imagem distorcida não é a minha.
Não é um simplismo essa visão. É uma consideração de elementos presentes em vários momentos, em diferentes situações e diferentes ambientes pelos quais transito no meu dia-a-dia.
Observando, entendendo, conversando, perguntando, e assim buscando a serenidade para poder dizer: “Não é bom nem ruim, é apenas diferente”.
P.S: Amo tu cara de tatu !!
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Visões d’além mar.
Espaço virtual em que me torno quântico,
Sonhando imagens no içar das velas
Onde encontramos nosso doce cântico.
Não sou um ele que luta por elas,
Nem abjeto, nem tolo e romântico.
Sou vida; e vida vem delas.
Mostrando em atos seu valor semântico.
Não admiro só suas aquarelas,
Tua coragem vai-me ao recôndito,
Tuas idéias tão fortes e belas
Tornam minúsculo o oceano Atlântico.
Para Nana Odara.
P.S: Nana, quando te leio, estou quase sempre sentado a seu lado.
segunda-feira, 25 de maio de 2009
Três Estados.
Sou mais como a chuva.
Sou a água que viaja sob várias formas.
Evaporo, condenso e precipito.
Espero pelo vento,
Nele viajo livre.
Molho os amantes e irrigo a terra.
E nela me transformo em relva.
E nela me transformo em flor.
Me construo e desconstruo,
E reconstruo onde necessário.
E junto meu ser em pingos, em gotas,
Pequenas frações de mim
Nessa grande nuvem chamada eu.
Plantio
As boas coisas que sabes, entre tantas.
Muitas delas já colhestes, e isto posto
Muitas outras colherás do que hoje plantas.
Por que perdi o número três? Por que perdi a letra Efe?
À noite a mãe veio me mostrar o livro da escola.
-Olha o número quatro dela, que bonitinho.
-Olha a letra ge.
Era algo muito parecido com uma flecha, mas era de fato, o número quatro. Bateu-me então um aperto forte no peito, uma dor profunda, misturada, confusa e triste.
Por que eu não vi o número três? Onde estava eu quando pela primeira vez ela escreveu a letra efe?
Não sei...eu simplesmente não sei aonde estava. Mas sei onde deveria estar.
A vida me deu todas as cartas e as embaralhou de forma desconcertante. É como se eu montasse um quebra-cabeças temporal, com peças extemporâneas.
As peças são lindas, perfeitas, mas...
Não se encaixam.
E eu as olho e penso: “Essa aqui ficaria perfeita há cinco anos atrás”, “Essa ficaria perfeita se pudesse ser colocada daqui a três anos”, “Essa outra é tão maravilhosa, e eu simplesmente não sei onde se encaixa”.
São tantas coisas, e mais uma série de descobertas e o reencontro com a arte. E tudo se confunde e se mescla dentro da minha já confusa cabeça.
Sei que não posso ser todos, e que se pudesse não quereria sê-los. Tenho que ser apenas um e conviver com todos que vivem dentro de mim. Sei disso; sou grato à vida por isso.
Mas nenhum desses sentimentos é capaz de deter as lágrimas da tristeza que me caem quando penso que perdi o número três e a letra efe...
terça-feira, 19 de maio de 2009
Ensaio Sobre a Visão.
Tempos depois soube que a intenção dele era realmente essa, que o leitor tivesse essa angústia.
E realmente, há pouco tempo descobri que viver num mundo sem imagens (sem imagens, não sem luz), pode ser extremamente angustiante.
Mas nada pode ser mais triste do que ter a visão perfeita e não enxergar nada.
Como nós que temos a visão perfeita, que nos deliciamos com os sorrisos alheios, que vemos o sol e os girassóis, que acenamos de longe para um amigo e rimos com a cara engraçada dos cachorros na rua, podemos enxergar tão menos que um homem absolutamente cego? Como?
O que enxergamos quando se aproxima de nós um garoto no sinal, ou uma velha senhora com suas roupas rasgadas e suas unhas sujas, balançando seu pires de moedas; vazio como é vazia a fraternidade do mundo?
Enxergamos o medo. O medo de sermos enganados. Sim, por que o que uma velha senhora enfraquecida pela doença, mal alimentada e cansada pode oferecer de perigo pra mim. Nada.
E então, qual não foi minha profunda decepção comigo mesmo, ao ver uma pessoa totalmente desprovida de visão enxergar tanto mais sobre o mundo do que eu.
Aquele homem simples, de sorriso franco, calejado pelas agruras da vida, acostumado às batalhas e que agora é obrigado a encarar mais esse desafio: Faltou-lhe a visão.
Mas a visão ótica, a visão física. Não a capacidade de enxergar. Essa não lhe falta.
Falta a mim, e a muitos como eu.
Falta a mim, enxergar melhor o coração daqueles que me cercam, e dos que apenas estão próximos.
Falta-me ver o pedido de socorro onde vejo antipatia e intolerância. Falta-me ver as mãos estendidas pedindo que alguém as segure.
Falta enxergar a humanidade dos homens, como ele enxergou em mim.
Este homem emocionou-se ao meu lado, por um simples gesto, que para muitos, ou quase todos não significaria nada.
Como se enxergasse, pousou sua mão sobre a minha e apertou-a levemente. Naquele momento não foram minhas mãos que foram tocadas. Aquele homem cuja visão me surpreendeu e continua surpreendendo, tocou meu coração.
Há apenas alguns dias isso se passou. A minha visão do mundo, mudou muito desde então.
Ontem, ao flagrar-me fitando-a demoradamente, uma amiga minha perguntou-me:
- Mas afinal, por que é que você tanto me olha? O que é que tem de tão diferente em mim?
E eu respondi:
-Tudo.