Meu nome é Eduardo Prates e eu sou escritor.
Eu poderia falar muitas coisas a meu respeito mas essa é, sem dúvida, a mais relevante. Eu não escolhi ser escritor, as palvras me escolheram quando me deram o dom de organizá-las e transformá-las em mensagens de reflexão, em pensamentos profundos e em poesia.
-
Fechar o Blog, torna-lo privado, talvez tenha sido a decisao mais esperta
que tive, ninguem lia mesmo...eu nem postava mesmo...agora vejo que o mais
corret...
Sim, é verdade o que dizem: Estou ficando cada dia mais louco.
Nós, programadores, aprendemos desde o princípio que cada “entidade” (falando a grosso modo) em nosso trabalho, possui propriedades e métodos.
Parametrizamos, classificamos e encapsulamos. Mas sabemos muito bem, que nenhuma classe é totalmente fechada, e que sempre podemos agregar algo melhor, mais produtivo, mais interessante, mais criativo.
Não tratamos “o cliente” nem “o produto”, tratamos “cliente” e “produto”, com suas características, propriedades, métodos, parâmetros etc...
Tenho me deparado (e me batido) muito com uma entidade chamada “Amor”. Empírica aos olhos descuidados e quase uma abstração, regida por ilusões sensoriais, para os mais céticos.
Tão distante quanto a própria idea de distância e suas variantes.
Não me refiro nem tratarei de “o amor”, mas sim de “amor”. Amor com suas incríveis e paradoxais dicotomias. Amor curativo, amor doentio, amor sublime, amor abjeto, amor altruísta, amor egoísta.Enfim, essa fantástica classe chamada "amor".
Você instânciaseu amor, com seus parametros e seus métodos, ele é sua constante e sua variável.
O outro cria a instância de amor dele conforme seus proprios padrões.
Um não influencia (ou não deveria influenciar) o outro, eles são da mesma classe, a mesma classe paradoxal e dicotômica a que me referi, mas com métodos diferentes, e, nem sempre buscando o mesmo resultado.
O fato é que o seu amor lúdico, não pode se deixar influenciar pelo amor visceral do outro, ou ele perecerá efêmero sendo recolhido imediatamente pelo Garbage Collector.
"O que parece certo é o que é certo; conseqüentemente, não se pode mais falar do certo."
Mas as instâncias se relacionam...
Um lado humanista; no meio de tanta lógica.
Se adaptam, se conhecem, se permeiam.
E no fundo, o que realmente queremos, é que essas duas instâncias se encontrem, numa fusão que transcende a lógica, e que se unifiquem sem deixar de ser íntegras, criando uma super classe nova, cheia de propriedades e métodos inexplorados.
A super classe "Nós".
N.a: Existe uma segunda parte deste texto, mas é tão doida que não me atrevi a publicar. Recortei daqui e guardei em arquivo. Talvez algum dia...
Não é de hoje que convivemos com trevas em nosso belo Rio. Não é de hoje que convivemos com trevas em nosso belo planeta. Não é de hoje que convivo com o lado obscuro1 de mim mesmo... “Não quero fazer guerra ao que é feio. Não quero acusar, não quero nem mesmo acusar os acusadores. Que minha única negação seja ‘desviar o olhar’! E, tudo somado e em suma: quero ser, algum dia apenas alguém que diz sim”.2 Hoje disse a uma grande amiga minha que me sentia muito como Thomas de “A insustentável leveza do ser”, colecionando Teresas (mulheres que amo, mas a quem não me entrego), e que o que me incomoda, ou deixa de me incomodar, como queiram; é a total falta de peso. Há vinte anos atrás quando ouvia a trilha sonora da minha vida, eu tinha certeza de que ela não mudaria, mas eis que me encontro eu, aqui hoje; buscando semelhanças entre esses dois discos, o de hoje, e o de 20 anos atrás. Não é só uma simples mudança de perspectiva; não... É como uma simples palavra pode mudar totalmente de sentido. Ah, sim! E a total ausência de peso. Sim, a ausência de peso, mas que nesse caso, não é leveza. Aprendi que culpa não é um sentimento a ser negociado a dois. Não. Você vende e compra de si mesmo. Talvez por isso eu a tenha deixado de lado há muito tempo. Sou totalmente avesso a maniqueísmos. Não posso, e não devo, dizer ao mundo que direção seguir, e isso é uma coisa que só vem com a experiência de vida, mas posso, e devo sempre, me manter na direção certa, ou melhor, na que eu creio ser a certa. E então me pauto por esse caminho, cheio de bifurcações e encruzilhadas, dentro do meu confuso ser. Mas me lembro sempre disso: Somos o que escolhemos ser, mas sempre podemos mudar o que somos.
1- fig., confuso; difícil de entender; enigmático; secreto; oculto; pouco conhecido; sem notoriedade; ignorado;
2- Friedrich Nietzsche. Gaia Ciência.
Nota do autor: Essa foi, sem dúvida, uma das vezes em que o Alter-Ego do Feliz falou através dele.
Com certeza você já viu alguém distribuindo papeizinhos na rua com os seguintes dizeres: “Compro ouro e jóias”. Mas não sei se devido ao meu presente de amigo oculto, ou ao filme do Angelopoulos que assisti dia desses, tive esse estranho sonho que agora narro a vocês. Eu era um comprador de ouro, jóias e... Poesia. Trabalhava numa sala grande com um cofre enorme, mais ou menos parecido com aquele de “Onze homens e um segredo” na versão atual. Nele guardava dinheiro e jóias e muitos, muitos pedaços de papel manuscrito com versinhos, sonetos, trovas e até declarações de amor. Duas moças distribuíam panfletinhos na rua cantarolando “Compro ouro e Poesia/ Do João e da Maria/ Compro ouro e poesia”. Meu nome era Aléxis, e eu recebia as pessoas dizendo: −Ouro, poesia ou os dois? Vinham pessoas de todas as idades, mas eu (Aléxis) só aceitava peças originais, tanto as jóias quanto a poesia. O critério de avaliação era mais ou menos assim: Eu lia as poesias ou que quer que fosse que tivesse sentimentos reais e dizia às pessoas “−Esse vale um anel de ouro...” “−Esse vale...um brinco de pérolas...” “−Esse vale um colar...” e pagava às pessoas que saíam com um sorriso cintilante e a promessa de voltarem em breve. Recebi a visita de dona Dalva, uma senhora de 78 anos. Veio trazer-me um manuscrito com sua letra insegura (dona Dalva sofria de catarata). O sonho não me revelou o conteúdo do texto, mas sei que era algo que somente alguém com tamanha experiência de vida poderia ter escrito. −Esse vale um brinco de pérolas. Disse eu, ao que dona Dalva prontamente retrucou. − Ah, meu filho, nem precisava... Após três horas e quarenta minutos de conversa, dona Dalva finalmente levantou-se para ir dizendo que ainda tinha que preparar o jantar e passar roupas, mas prometendo, como sempre fazia, voltar em breve com “mais algumas coisinhas que escrevo”. Thamires era uma menina nova, uns 19 talvez 20 anos, não muito expansiva beirando a timidez. Fiquei surpreso com sua visita, pois ela realmente não fazia o tipo que gostasse de escrever. Trouxe-me um álbum de figurinhas do “Amar é...” dizendo que já havia passado daquela fase e queria se desfazer dele. Não resisti à tentação de olhar para poder entender por que ela acharia que aquilo pudesse ser de meu interesse. Acontece que o álbum era todo comentado, e embaixo de cada figurinha havia uma interpretação e uma referência a algo que ela havia visto ou escutado falar. Divagações juvenis misturadas a belos sonhos adolescentes. −Vale um anel de brilhantes. Afirmei. Thamires olhou para o álbum uma última vez e suspirou profundamente. Fez o seu rito de passagem, pegou seu pagamento e foi-se sem olhar pra trás. Raphael era um menino de mais ou menos onze anos de idade. O brilho em seus olhinhos contrastava com a pele muito negra e combinava com seu sorriso enorme. Veio me dizer que queria comprar um presente de natal para Angélica, uma menina do colégio que, segundo ele, era seu grande amor. Perguntei o que ele tinha pra mim e ele respondeu que não era muito, mas talvez pudesse ter algum valor. Mostrou-me uma carta escrita para Angélica em duas folhas de papel de caderno, que pareciam ter sido arrancadas recentemente. Talvez até hoje mesmo, para que ele pudesse me trazer. Comecei a ler aquelas folhas...”Angélica. Você é minha melhor amiga. Eu gosto de você porque você ri de tudo o que eu faço. Lembra naquele dia em que a gente tava jogando bola? Outro dia fui jogar no campinho e lembrei de você...” O sonho não me revelou todo o conteúdo da carta, mas eu (Aléxis) a li por um bom tempo, fazendo uma pequena pausa ao terminar. Uma lágrima rolou de meus olhos. Levantei-me, acompanhei Raphael até o cofre, olhei-o e disse: −Pegue tudo o que quiser...
Aos ventos da minha respiração, Viajo dentro de mim. Às vezes quieto e observador, Às vezes arfante e agitado.
Nas ondas do que me trazem os anos vividos De experiências guardadas e espalhadas. Pelos vários continentes de meu inconsciente. Entre imagens do que é real e miragens Do que as ações deixadas na esquina da coragem Mostram-me, de um hoje, que poderia ser diferente.
Ao léu nesta nau Procuro um norte, E acho vários.
Penso que conheço estes oceanos Mas velejo entre rotas obscuras Ladeadas por dias ensolarados.
Em vão Procuro a rota da ilha paradisíaca chamada sonho Que no fundo, creio não existir. Mas o mito é mais forte...
Paro no porto Se é que há porto? Pois a viagem é exaustiva
Mapeio novas descobertas. Guardo nos arquivos. Passo por lugares imutáveis em que já passei, Mas que, estranhamente, Hoje estão diferentes.
Volto depois, e sempre, Para outra jornada. Sem saber exatamente o que busco.
"...Did you ever wonder
Why we had to run for shelter
When the promise of a brave new world
Unfurled beneath a clear blue sky"
Alguma vez você já teve a oportunidade de estar diante de um rio de águas tranqüilas? Bem se já teve, teve então a experiência de atirar uma pedra na água? O que acontece é que esta pedra gera uma ondulação concêntrica que você pode acompanhar até as margens do rio ou até onde sua vista alcance.
O que quase ninguém sabe é que este efeito se propaga, de fato, até os cinco oceanos da terra. Sim.. é impressionante não ! Uma simples pedrinha atirada por você causa impacto, embora microscópico, em todos os continentes do mundo. Sabe, assim também é em nossas vidas. Todas as nossas ações são análogas à pedrinha que citei acima, elas geram um fluxo em torno delas que é sentido e absorvido pelo universo, mesmo que seja ele o universo notado por nós, ou seja; nossa casa, nosso escritório, nosso colégio... nosso Blog...
Apenas não se esqueça que este fluxo, gerado por tudo que fazemos e absorvido, como já disse, "principalmente" pelo que nos rodeia, gera reflexos e estes reflexos voltam pra nós como a carícia de uma onda bem suave e refrescante em um dia de sol, ou, podem voltar como um Tsunami arrasando tudo que está próximo.
Só mais uma coisa muito importante... Lembre sempre...
Você pode até negar o ato de ter atirado a pedra, mas o efeito que ela vai gerar já não pertence mais a você... É do Universo.
Em todos os meus anos de farra (foram muitos), encontrei quatro grandes parceiros. Sabe aqueles caras pra quem tudo tá bom ,e, se não estiver, a gente faz ficar? Até aí tudo bem, novidade nenhuma. Só que um desses parceiros era uma mulher. Vocês a conhecerão como Valéria, pois ela hoje é a recatada esposa de um proeminente político de nossa cidade. Valéria era uma bela mulher (está mais bela ainda hoje), pele morena clara, cabelos pretos lisos, sempre sedosos e com um brilho vivo, feições finas e olhos verdes que sempre me confundiram. Hora eram bem clarinhos, hora eram mais escuros, cor de mel com contornos amarelados. Trabalhávamos juntos em uma livraria. Na época eu estudava Direito e ela Literatura. Saíamos os quatro por aqueles barzinhos ali perto da UFF, um pouco antes do Canto do Rio, tomávamos todas e depois íamos pra São Francisco ou qualquer outro lugar em que pudéssemos farrear até o sol nascer. Valéria sempre foi o centro das atenções e sempre gostou de homens bonitos, mas ficava facilmente entediada com papos monossilábicos e outros tantos tipos de asneiras que a rapaziada da nossa idade (tínhamos entre 26 e 31 anos na época) costumava proferir. Eu e Valéria nunca chegamos a “namorar” realmente, embora tivéssemos ficado juntos em várias oportunidades. Tínhamos a mente muito aberta e poucas pessoas além de nós quatro conseguiam nos compreender. Falávamos abertamente sobre todos os assuntos inclusive sobre sexo. Riamos e criticávamos a sociedade hipócrita, discutíamos a obra de Proust e de Simone Beauvoir e a influência de um sobre o outro da mesma forma que eu contava pra ela como gostava que as mulheres lambessem meu saco e ela me contava que tinha muita curiosidade de fazer sexo anal. Numa determinada época (vocês vão ouvir falar muito dessa época) um “amigo do Feliz” abriu uma casa noturna com música ao vivo e logo logo ela se tornou point de quase todas as tribos de Niterói. Varávamos noites naquele local, quase como se nem fôssemos mais pra casa. Muita paquera, muito papo bom, muita risada. E o grupo sempre junto, sempre unido. Lembro-me particularmente de uma noite, ou mais especificamente, do dia seguinte a essa noite. Era um sábado. Nós já tínhamos nos encontrado de tarde na saída do trabalho e cada um foi pra sua casa descansar e se arrumar pra noitada. Chegamos por volta das onze, não havia mais mesas vazias, como se isso fosse algum empecilho pra nós. Ficamos em pé. Gil, o garçom, nos servia e colocava as comandas como mesa 00. Ficamos na mesma intensidade de sempre: Cerveja, cerveja, cerveja. Papo, papo, papo. Rock’n Roll, Rock’n Roll, Rock’n Roll. A noite passou muito rápida. Cinco e meia da manhã, as cadeiras já estavam viradas sobre as mesas. Perguntei a ela: − E aí, parceirinha? Se arrumou? − Que nada, hoje num tô pegando nem resfriado... Ela devolveu a pergunta: − Mas e você e a loirinha? Tavam num papo, hein... − Num deu. Ela me perguntou se dialética tinha a ver com aquela coisa de comer só frutas ou cortar os carboidratos! Gargalhamos juntos de uma forma como só os amigos sabem fazer. − Tin-tin. Disse ela, levantando o copo. − Tin-tin. Respondi eu. Tínhamos essa cumplicidade que era o que eu mais amava naqueles dias. Poder compartilhar das experiências e emoções do dia-a-dia com amigos de verdade, que me amavam e compreendiam. Coloquei a mão no bolso, dei aquela inclinada “45° pra baixo” com a cabeça, depois levantei o rosto e olhei direto nos olhos dela. Ela sorriu...
Já passava de meio-dia, eu bebia uma água com gás ao lado da cama, Valéria, ainda deitada, se espreguiçava languidamente entrecoberta por um fino lençol que tapava apenas parte dos seus seios e o sexo, e me olhava de um jeito um pouco diferente, me deixando pouco à vontade. De repente do nada, bum: Me chamou pelo apelido que todos me chamam, mas de uma forma especial, meiga, compassada, meio que sussurrada. − Você se vê casado comigo? O espanto foi tão grande que a água que estava em minha boca saiu quase toda pelas minhas narinas. Levei a mão ao rosto para me limpar e balbuciei algo do tipo: − Bom... sabe né...a gente é muito jovem... você tem sua faculdade... é tanta coisa né? A gente tá tão bem assim... Valéria virou lentamente o rosto para o outro lado e passou bom tempo fitando a parede quase como se estivesse olhando através dela. Ficamos amigos ainda por algum tempo, mas Valéria começou a procurar outros grupos para sair. Ela se casou com um representante de tudo aquilo que condenávamos.
P.S: Me ocorreu um pensamento agora. Eu não entendo porra nenhuma de mulheres!